A intolerância à frutose pode ser forte e congénita e as pessoas afetadas reagem com problemas digestivos a quantidades reduzidas. Grande parte das pessoas apresenta algum problema quando com excesso de frutose. A maioria sabe pouco a respeito e, nas compras, a expressão “com frutose” soa mais saudável do que “com açúcar”. Por isso, os fabricantes de doces preferem adoçar os seus produtos com frutose pura, contribuindo assim para que os alimentos contenham mais frutose do que nunca. Para muitos, uma maçã por dia não seria problema – isso se o ketchup da batata frita, o iogurte de frutas adoçado e o cozido enlatado também já não contivessem essa substância. Alguns tomates são cultivados de modo que contenham bastante frutose. Além disso, temos hoje uma oferta de frutas que sem a globalização não poderia existir em lugar nenhum. Abacaxis de regiões tropicais dividem espaço com morangos frescos das estufas e alguns figos secos. Portanto, o que classificamos como intolerância alimentar talvez seja apenas a reação de um corpo totalmente normal que, no período de uma geração, precisa adaptar-se a uma alimentação que não teve milhões de anos antes.
O mecanismo que se esconde por trás da intolerância à frutose é diferente daquele relacionado ao glúten ou à lactose. Pessoas com intolerância congénita têm poucas enzimas para processar a frutose dentro das células. Desse modo, a frutose pode-se acumular aos poucos dentro das células e dificultar outros processos. Se a intolerância só aparece mais tarde na vida, supõe-se que o problema esteja na absorção da frutose no intestino. Nesse caso, muitas vezes há poucos canais de transporte na parede intestinal. Quando se ingere uma pequena quantidade de frutose – por exemplo, uma pera – os canais de transporte ficam sobrecarregados, e o açúcar da pera vagueia, como no caso da intolerância à lactose, até a flora intestinal no intestino grosso. Atualmente alguns pesquisadores discutem se o número mais escasso de transportadores é realmente a origem do problema, pois pessoas sem esse distúrbio também enviam parte da frutose não digerida ao intestino grosso (sobretudo quando a quantidade é grande). Pode acontecer, por exemplo, se a flora intestinal tiver uma composição inadequada. Nesse caso, quem come uma pera envia a frutose restante para uma equipa de bactérias intestinais que causa dores bastante desagradáveis. Obviamente, essas dores aumentam quanto mais ketchup, cozido enlatado ou iogurte de frutas já se tiver consumido antes.
Uma intolerância a frutose nesse grau pode acabar com o nosso humor. De facto, o açúcar contribui para que muitos outros nutrientes sejam absorvidos pelo sangue. Por exemplo, o aminoácido triptufano une-se de bom grado à frutose durante a digestão. Porém, quando temos tanta frutose no abdómen que boa parte dela não pode ser absorvida, também perdemos o triptufano. Este, por sua vez, é necessário para a produção de serotonina , sinal químico conhecido como hormona da felicidade, pois a falta dela pode levar à depressão. Desse modo, uma intolerância à frutose que permanece muito tempo sem ser descoberta também pode causar estados de ânimo depressivos. O conhecimento desse facto só passou a ser adotado muito recentemente nos consultórios médicos.
Portanto, há que perguntar se uma alimentação com excesso de frutose também prejudica o humor. A partir de 50g de frutose por dia (o equivalente a 5 peras ou 8 bananas ou ainda cerca de 6 maçãs), os transportadores naturais de mais da metade das pessoas ficam sobrecarregados. Comer a mais pode implicar consequências como diarreia, dor abdominal, gases e, a longo prazo, também estado de ânimo depressivo. Atualmente nos Estados Unidos o consumo de frutose já chegou a 80g. Usando mel para adoçar o chá, poucos produtos industrializados e mantendo um consumo normal de frutas, os nossos pais consumiam 16 a 24g por dia.
A serotonina é responsável não apenas pelo bom humor, mas também por uma sensação de saciedade. Ataques de fome e vontade constante de petiscar podem ser um efeito colateral da intolerância à frutose, sobretudo quando, adicionalmente, surgirem outros distúrbios, como dor abdominal. Uma dica interessante também vale para quem costuma comer salada para fazer dieta. Muitos molhos prontos, vendidos nos supermercados ou em fast food, contêm xarope de frutose e glicose. Vários estudos comprovaram que esse xarope reprime determinados sinais químicos para a saciedade (leptina ) também em pessoas sem intolerância à frutose. Uma salada com as mesmas calorias, temperada com azeite e vinagre ou molho de iogurte feito em casa, mantém a saciedade por mais tempo.
Problemas digestivos dividem a nossa sociedade em dois grupos: o que se preocupa com a própria saúde e cuida muito bem da alimentação e o de pessoas que se irritam porque mal conseguem preparar um jantar para os amigos sem fazer compras na farmácia. Ambos os lados têm razão. Muitas pessoas tornam-se extremamente cuidadosas quando ficam a saber pelo médico que sofrem de alguma intolerância alimentar e percebem que os distúrbios melhoram quando deixam de consumir alguma coisa. Param de comer frutas, cereais ou lacticínios como se estes contivessem veneno. Só que, na verdade, a maior parte dessas pessoas apresenta sensibilidade a muitos desses alimentos e não é totalmente intolerante por razões genéticas. Essas pessoas costumam ter enzimas suficientes para um pouco de molho de natas e podem-se permitir a um pedaço de pretzel ou uma fruta de sobremesa de vez em quando.
De qualquer modo, deve-se prestar atenção na sensibilidade em si. Nem toda a inovação na nossa cultura alimentar tem, necessariamente, de descer goela abaixo. Trigo no pequeno-almoço, no almoço e no jantar, frutose em todos os produtos industrializados, sem exceção, ou leite por muito tempo após o período de amamentação, não é de admirar se o corpo não goste disso. Dores abdominais constantes não surgem do nada, tampouco diarreias recorrentes ou fadiga intensa, e ninguém deve aceitar isso como normal. Mesmo que o médico exclua que a causa seja doença celíaca ou uma forte intolerância à frutose, quem perceber que se sente melhor ao deixar de comer alguma coisa estará certo em continuar a não comê-la. Além dos excessos em geral, tratamentos à base de antibióticos, stresse ou infecções gastro intestinais são gatilhos típicos para que, durante um período, se reaja com sensibilidade a alguns alimentos. Porém, tão logo retorne a tranquilidade saudável é possível colocar o intestino novamente em ordem. Nesse caso, a solução não é uma renúncia para toda a vida mas sim poder voltar a comer algo que por um período não se tolerou – só que em quantidades que se consiga tolerar.
Resumo retirado da obra “A vida secreta dos intestinos” de Giulia Enders, adaptado por Centro de Ozonoterapia, para um melhor entendimento sobre o funcionamento do aparelho digestivo, em particular dos intestinos, e a importância que lhes deve ser dada, para melhorar a nossa saúde e por consequência a nossa qualidade de vida. No Centro de Ozonoterapia, em Lisboa, realizamos tratamentos integrados de hidrocolonterapia (hidroterapia do colon), com ozonoterapia, para limpeza do intestino.
Maria de Lurdes, 73 anos, Lisboa (ÚLCERA, DERMATITE)
Anónimo, 46 anos, Almada (HEPATITE C)
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